terça-feira, 7 de junho de 2011

Rainha de Sabá, Salomão e a Arca da Aliança

                                                                                  Por: Pietro P. Perini

Do lendário encontro da Rainha de Sabá com o rei Salomão, nasce uma lenda.

Hoje em dia contemplamos as inúmeras e crescentes descobertas arqueológicas, no entanto existe algo que gera mistério tanto quanto a sua existência quanto a sua localização. A Arca da Aliança pode ser considerada o artefato de maior valor para a humanidade, pois agrega em si um valor religioso e o misticismo sobre os seus poderes. Sua origem pode ser encontrada na Bíblia Sagrada, Êxodo 25:10-22, quando Deus ordena Moisés a construir uma arca para abrigar as tábuas de pedra sobre o qual ele havia escrito os Dez Mandamentos. Sua localização é uma incógnita até hoje, algumas pessoas crêem que a Arca tenha sido destruída junto ao Templo, quando Jerusalém foi invadida pelos babilônios, outros ainda acreditam que tenha sido levada pelos mesmos, como troféu de conquista. Mediante esta incerteza quanto seu paredeiro, podemos então, junto a essas alternativas  acrescentar a possibilidade de estar em Axum, atual Etiópia.
O Kebra Negast
            O que fomenta a lenda sobre o destino da Arca está escrito no livro referência da história da Etiópia, o Kebra Negast – A Glória dos Reis, que atesta, entre outras histórias, o encontro da Rainha de Sabá com o rei Salomão, em Jerusalém. Segundo o Kebra Negast², Salomão quando construía a casa de Deus, enviou mensagens a todos comerciantes de leste a oeste e de norte a sul que daria ouro e prata em troca do que era necessário para a construção. Foi quando ouviu falar do rico comerciante Etíope, Tamrin que servia a Rainha de Sabá, e lhe solicitou que trouxesse tudo que não fosse perecível, este então foi ao encontro de Salomão. Observou então que o rei era muito sábio, de sua boca, saiam palavras de liderança e não ordens, ficou maravilhado com seu anfitrião.
            Este trecho destaca como Salomão era para seu povo, “o pai dos órfãos”,” suas palavras soavam como água para o homem sedento, pão para o mais faminto, e cura para o mais doente”. Além de citar seus bens materiais finaliza, “E que Deus lhe deu glória e riquezas, e sabedoria, e a graça em tal abundância que não havia nenhum semelhante a ele entre os seus antecessores, e entre os que vieram depois dele não houve nenhum semelhante a ele.”.
            Ao retornar a seu reino Tamrin relatou tudo que viu sobre o homem sábio que encontrou no norte. Despertou então um interesse incomum, um fascínio, em Makeda (a Rainha de Sabá), que já tinha uma paixão pela sabedoria. Logo o assunto em seu palácio era a importância do conhecimento, para ela isto valia mais que ouro e prata, o saber estava acima de tudo.
            Crente de que era vontade de Deus o seu encontro com Salomão, Makeda reunião sua corte e lhes comunicou que estava partindo para Jerusalém. Formou sua comitiva e partiu, de acordo com o Kebra Negast², com 797 camelos carregados de ouro, prata, pedras preciosas, mobílias e tudo mais que poderia levar para presentear o sábio homem. De acordo com Josephus¹, o desejo de Makeda ao encontro de Salomão era ardente o suficiente para ela embarcar em uma viagem 1.400 milhas, atravessando as areias do deserto da Arábia, ao longo da costa do Mar Vermelho, até em Moabe (Yêmen), e sobre o rio Jordão até Jerusalém. Tal jornada seriam necessários pelo menos seis meses de tempo em cada sentido, uma vez que os camelos raramente poderiam viajar tanto quanto 20 milhas por dia.”.
            Salomão que havia sido notificado sobre a chegada da Rainha de Sabá, decidiu tomar conhecimento sobre sua visitante. Ouviu de um sacerdote que seria uma mulher de beleza infindável, porém seus pés eram cobertos de pêlos. Com isso, preparou na frente de seu trono um passagem de água, que a obrigaria a levantar as vestes e mostrar seus pés. Algumas fontes dizem que quando ela chegou em frente ao seus trono e levantou suas vestes, mostraram-se os mais belos pés que ele havia visto, outras dizem que o rumores eram verdadeiros e que Salomão alertara-a de que os pêlos eram características masculinas conforme o Kebra Negast², “Tua beleza é a beleza de uma mulher, mas o cabelo é masculino; cabelo é um ornamento para um homem, que desfigura uma mulher .” , e fez então uma espécie de creme para removê-los.
            Independente disso, quando chegou a Jerusalém, Makeda havia trazido quantias enormes de ouro, pedras preciosas, entre outros presentes. Salomão foi grato lhe fornecendo diáriamente quantidades abusivas de alimentos, cantores e vestimentas, tecidas a ouro. Mas a rainha não estava ali para receber presentes, nem ser impressionada com riquezas, ela buscava a comprovação, relatada por Tamrin, da sabedoria do rei de Israel. Alguns autores ainda consideram que ela tinha interesses políticos e econômicos com essa visita, em busca de acordos que regessem as vias terrestres e marítimas, mas o Kebra Negast² descreve que veio apenas para aprender com ele.
De acordo com Josephus¹, " diante da sua recepção de rei, tanto ele mostrou um grande desejo de agradá-la, e de fácil compreensão em sua mente o significado das perguntas curiosas que ela propôs a ele, que as resolveu. " Makeda não fez só perguntas filosóficas a Salomão, ela também testou ele com enigmas. O Sheni Targum, Midrash Mischle e Midrash Hachefez (apócrifos judáicos) descrevem 22 de seus enigmas.
Um deles diz o seguinte: “ O que é isso? Um compartimento com dez portas, quando uma está aberta, nove são fechadas e quando nove estão abertas uma é fechada, "Sabá perguntou a Salomão. Salomão respondeu: " O gabinete é o ventre, e as portas são dez são os dez orifícios do homem, ou seja, seus olhos, seus ouvidos, narinas, boca, as aberturas para descarga de dejectos e urina, e do umbigo. Quando a criança ainda está no ventre de sua mãe, o umbigo é aberto, mas todas as outras aberturas estão fechadas, mas quando os problemas da criança desde o ventre do umbigo é fechada e os outros orifícios estão abertos .". Em um ponto, Makeda perguntou: " Que quando vivo não se move, mas quando a cabeça cortada, move? " a resposta de Salomão: "a madeira usada para construir um navio. “.
O Antigo Testamento também relata algumas perguntas feitas por Makeda, como por exemplo, “"Qual é a coisa mais feia do mundo, e o que é o mais bonito o quê? é o mais certo e o que é o mais incerto? " Salomão respondeu: " A coisa mais feia ... é o fiel transformando infiel, a maioria é lindo o arrependido. pecador O mais certo é a morte, o mais incerto, com a sua parte no Mundo Vindouro. ".
Além de charadas, ela testava sua inocência, certa vez, vestiu cinco meninos e cinco meninas de forma igual e lhe solicitou que identificasse o sexo de cada um. Salomão então, entregou bacias com água para que lavassem as mãos, então apontou que as meninas eram aquelas que arregaçavam as mangas, ao contrário dos meninos, que não o faziam.
Segundo as tradições, a Rainha de Sabá foi hóspede de Salomão por 6 meses, tendo conversas diárias, questionando-lhe e também sendo questionada, pois seu anfitrião sabia que tratava-se de uma mulher sábia. O Kebra Negast² nos informa que " a Rainha ia a Salomão e voltava continuamente, e dava ouvidos à sua sabedoria, e mantê-lo em seu coração. Salomão costumava ir visitá-la e responder a todas as questões que ela colocou-lhe ... e ele informou-lhe sobre todos os assuntos que queria saber sobre.".
A satisfação vinha de ambas as partes, mas nota-se algo além do intelecto, começam a ver um no outro afeições. De acordo com a Glória dos Reis Makeda proferiu as seguintes palavras: "Oh, como ter me agradado muito a tua resposta, e a doçura de tua voz, e a beleza do teu curso, e a graciosidade das tuas palavras. Tua voz faz o coração alegrar-se ... e dá boa vontade para os lábios, e força para a marcha.”.
Em resposta de Salomão temos: " Sabedoria e compreensão partem de ti. Quanto a mim, eu apenas possuí-las na medida em que os de Israel que Deus lhes deu para mim, porque eu perguntava e rogou-los d’Ele. E tu, tu não és ainda conhecer o Deus de Israel, esta sabedoria que fizeste a crescer no teu coração. ".
Observando este apreço de um pelo outro, põem se em questão se houveram relações sexuais entre Salomão e Makeda, uma vez que para reinar, ela precisava ser, e manter-se, virgem. A Bíblia não fala diretamente sobre o ocorrido, mas é claro que durante esses seis meses houve um sentimento além da admiração.
Salomão propõem a ela que seja sua rainha, mas ela reluta quanto a sua virgindade, e lhe solicita que não a tome por força. Então ele avisa ela de que não o fará, a menos que ela tome algo dele a força. Ela então se espanta com sua declaração, pois como um homem tão sábio, pensaria que ela levasse algo de seu palácio.
Foi quando ele organizou uma festa e disse a seus servos que preparassem um quarto, com duas camas e uma jarra d’água entre elas. Astutamente mandou que temperassem a comida com pimenta e bastante sal. Em meio a noite, Makeda acorda com sua garganta seca, olha para Salomão dormindo e decide tomar um copo de água. Antes de tomar, ele acorda e segura a sua mão dizendo-lhe: “ Estas prestes a descumprir o que combinamos, tomando algo que é meu, sem consentimento.”. Ela então toma a água, com isso presume se que ele a teve naquela noite.
Após esses seis meses, Makeda decidiu voltar para seu reino, isto fez com que Salomão ficasse desolado, historiadores atribuem isto ao fato do declínio do império. Ela então teve um filho, chamado de Menelik (Ibn al-Hakim, "filho do homem sábio"), algumas fontes persas, judias e árabes indicam que seria Nabucodonosor, outros dizem que foi chamado de Davi II (nome dado por Salomão), este menino um dia será o primeiro rei da dinastia salmônica na Etiópia.
Quando criança, Menelik questiona sua mãe sobre seu pai, ela desconversa alegando que era mãe e pai e que não deveria procurar nada sobre isso. Assim que foi crescendo descobriu que era filho de Salomão e com 21 anos de idade (maioridade judaica) partiu para Israel, a fim de ver o rosto de seu pai. Antes de partir Makeda solicita que o mesmo retorne, nem mesmo case com nenhuma mulher lá e que não abandone seu reino.
Chegando a Jerusalém, conhece Salomão, que no seu filho visualiza a imagem de seu pai, Davi. O rei então tenta persuadir o jovem a ficar e tornar se seu sucessor, mas Menelik rejeita, reiterando a promessa feita a sua mãe, com as seguintes palavras: e disse-lhe: "Ó meu senhor, é impossível para mim sair do meu país, minha mãe me fez jurar por seus seios que eu não ficaria aqui, mas iria retornar à sua rapidez, e também que eu não iria casar com uma mulher aqui. E o Tabernáculo do Deus de Israel deve me abençoar onde quer que eu esteja, a tua oração e me acompanha aonde quer que eu vá. Eu desejava ver o teu rosto, e ouvir a tua voz, e receber a tua bênção, e agora eu desejo de partir para a minha mãe em segurança. "
A Arca da Aliança
Em uma carta Makeda solicita que Salomão confira-lhe uma réplica da Arca para que seu povo possa adorar o seu Deus, lá Menelik refaz o pedido que é atendido. Prepara-se então para sua viagem de regresso o objeto e muitos sacerdotes, para que fossem ensinar a religião ao povo etíope. Algumas tradições relatam que um sacerdote teria trocado a réplica da Arca pela original, fazendo com que Menelik levasse-a até Axum.
Existe um contra-ponto em relação a todo este relato, a Bíblia apenas descreve o encontro de forma intelectual, sem amores, ou mesmo afeições. Mas não pode deixar de lado os fatos descritos no Kebra Negast², uma vez que tem sido importante no decorrer dos séculos na Etiópia. A geração desta criança, Menelik, dá início a dinastia salomônica, um fato marcante na cultura etíope até o fim da década de 70, este que provocou diversas crises de sucessão na corte etíope durante muitos anos.
            Diante destes enfrentamentos reais, causados pelas querelas de legitimidade do trono etíope, podemos ter presente no imaginário que possa ser verdade a lenda, que está em Axum o maior tesouro da humanidade. Outro ponto que podemos observar é quando fontes relatam que Menelik teria sido Nabucodonosor, considerando algumas fontes apontam que ele teria levado a Arca como troféu.
            O significado desta descoberta nos dias de hoje, poderia abrir os olhos do mundo materialista, que crê apenas no que vê. Ora, qual prova mais viva da existência de Deus, que a Arca contendo os Dez Mandamentos escritos pelo mesmo? E teriamos também a confirmação da Bíblia e de outras livros – Kebra Negast – como fontes históricas abrindo um leque de revelações para a humanidade.


Bibliografia:
¹ Josephus, Flavius, JEWISH ANTIQUITIES, Book VIII, chapter 6
 MARKS, Tracy. http://www.windweaver.com/sheba/Sheba10.htm , 1990.
 Budge, Sir Ernest A. Wallis, translator, THE QUEEN OF SHEBA AND HER ONLY SON MENYELEK, the Kebra Nagast, Oxford University Press, London, 1932.
SOPOVA, Jasmina . Etiópia: três milênios de lendas e de história. http://www.casadasafricas.org.br/noticias/01/626.  , 2008.
REAGAN , David R., http://www.lamblion.com/articles/articles_issues4.php

Um comentário:

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