domingo, 29 de maio de 2011

A Africa do nordeste

                                                                                              Por: Pietro Perini

M’BOKOLO, Elikia. África Negra - História e Civilizações. (Capítulo 2). Lisboa: Colibri, 2003.

A Africa do nordeste

            Inicialmente o autor faz um contra-ponto com a perturbação no equilibrio demográfico da região do vale do Nilo, na Núbia, provocada pela presença dos arabes e islamicos, com a maneira que os povos etíopes utilizaram esse desafio causado pela presença dos mesmos como fermento para o desenvolvimento nacional.
            Os problemas de sucessão de Meroé começam com a constante investida do império de Axum e a constante presença de nobatas, vindos do oeste, e de blemmyes vindos do leste. Segundo Bokolo, os povos nômades conseguiram tão bem tornarem-se senhores de uma parte do vale do Nilo que o imperador Diocleciano (284-305) resolveu instalar nobatas ao sul da 1ª catarata do Nilo e pagar-lhes impostos para assegurarem a segurança das fronteiras meridionais e do comércio do Egito, dos blemmyes.
            Ao norte, no reino da Nobatia que se extende da 1ª a 3ª catarata do Nilo, é pouco conhecido até hoje, tendo somente conhecimento, por parte da arqueologia, dos costumes foram adquiridos das culturas do Egito, Bizâcio e do próprio Meroé. Esse acordo de proteção que tinham com os romanos deu margem a permissão por parte de um general romano Maximinus de uma vez por ano transportar a estatua de Ísis do templo de Filae, para lhe fazer pronunciar o oráculo no seu próprio país. Mas no século VI Justiniano acaba destruíndo o templo de Ísis e proíbindo o culto, dando inicio a cristianização.
            Ao sul da Nobatia, entre a 3ª e 4ª cataratas, estendia-se o reino de Maqurra. Foi convertido ao cristianismo em meados do século VI, mantinha relações comerciais com Kordofã e o Darfur. A partir da 5ª catarata até o sul, encontra-se o terceiro reino, Alodia ou Alwa que foi cristianizado no final do século VI, em 570. É ainda menos conhecida, apesar de geógrafos árabes que o descrevem gabam sua magnificiência.
            Sob o reino de Merkurios ocorreu a unificação destes reinos setentrionais da Núbia, Nobatia e Maqurra, no final do século VII ou início do século VIII, sob autoridade da dinastia reinante em Maqurra. O novo Estado organizou a administração fortemente, inclusivem utilizando títulos gregos e até mesmo núbios, tendo a religião de Estado, o cristianismo fornecendo a ideologia de poder. Apesar da vigência do cristianismo que era formado por sete bispados, todos submetidos ao patriarca de Alexandria, é observado uma indigenização da religião cristã. O rei auto-proclama-se chefe da Igreja, podendo então celebrar missas e administrar sacramentos. A sucessão do trono dava-se pela linhagem materna, tornando comum o casamento entre primos, vendo a sucessão passada de pai para filho. Junto a isso as mulheres também possuiam papéis na cúpula do Estado.
            No que diz respeito às cidades, Bokolo descreve três categorias de cidade: as “grandes cidades” em que tinham milhares de habitantes, centro administrativos, religiosos e comerciais; as cidades médias em que possui apenas centenas de habitantes e possuiam funções mais específicas; e as pequenas cidades, estas que foram objetos de escavações esclarecendo aspectos da civilização material núbia.

            O fato da proximidade com o Egito fez com que a Núbia sofresse com a ocupação árabe, não só na questão política e administrativa, mas também afetado sua sociedade. O primeiro contato foi um “pacto” de não agressão aos núbios mediante pagamento de tributos. Só a partir do fim do século IX, que a Núbia aproveitou-se do enfraquecimento causado pela crise de sucessão do Egito e decidiu parar de pagar os tributos. Após a resolução da crise, o Egito exigiu o pagamento dos tributos e inclusive os atrasados, os nubios decidiram levar isso ao califa. Por fim, a apartir da reuificação nubia foi nomeado um “eparca”, cujas funções era hereditárias e tinha a seu cargo as questões administrativas do norte, finanças do reino e totalidade nas relações com Egito.
            Na parte sul, os árabes já haviam comprado inumeros lotes de terra e a partir do ano 975 Ibn Sulaym al-Uswani constatou que os árabes detinham o poder econômico no Al-Maris e que numerosos núbios haviam convertido-se a doutrina de Maomé, facilitando então o fator de islamização desta região.
            Na parte leste, as terras desérticas povoadas pelos bedjas, o que atraia os árabes eram as grandes quatidades de ouro. Com isso, a região vive uma verdadeira corrida do ouro, tendo suas mina disputadas por núbios, árabes e egipcios. Após a criação de Jerusalém (1100), houve um corte na estrada de peregrinação ao Sinai, dando uma importância de primeirissimo plano à estrada que passava pelo alto Egito e pelo porto de Aydhab. Segundo Bokolo, “ Os proprietários bedja arabizavam-se de duas maneiras. Alguns, que trabalhavam nas minas ou as caravanas, adotaram progressivamente a língua e as maneiras árabes. Outros, principalmente os grupos mais setentrionais, tais como os hadariba e os ababda, aderiram ao Islã mesmo conservando suas antigas crenças e práticas religiosas, e inventaram-se genealogias árabes fictícias que acabaram por lhes forjar uma identidade árabe”.
            Do Meroé vamos a Axum que já foi citada no início, quando em sua expansão territorial e militar provocou a decadência do reino na Núbia. Mas após esse período de prosperidade do Império Axumita no século VI tende a ter um fim, com o avanço dos árabes e a retirada do Império Bizantino, o qual eram aliados, sofrem um golpe rude. Além disso houve um avanço persa, recuperando seus antigos postos comerciais e retirando do povo axumita a importância de escalas do comércio do Oriente.
            Foram recebidos os primeiros seguidores de Maomé, enquanto era perseguidos em Meca, refugiaram-se em Axum, pois já existia o conceito de monoteísmo agregado através do cristianismo, e temos algumas passagens segundo tradições mais ou menos lendárias relativas a Bilial, um escravo de origem etíope que teria sido o segundo homem a converter-se ao Islã, o próprio profeta, Maomé, teria escrito ao nadjashi pedindo que converte-se ao Islã. Ainda a tradição diz que Maomé teria dito aos seus refugiados :” Se fosses forem para a Abissínia, aí encontrareis um rei sob o poder do qual ninguém é perseguido. É um país de justiça onde Deus vos dará o alívio das vossas misérias”. Contudo as relações acabariam se enfraquecendo não só pelas questões religiosas, mas pela importância econômica e geopolitica da região, referidas ao controle do Mar Vermelho.
            Apesar da resistência e de algumas ofensivas, o Império Axumita acabou tendo de submeter-se aos árabes e daí o território que estava muito próximo a península arábica acabou virando referência para o califado, tendo vira inclusive rota de peregrinação, cada vez maior a importância, virou principado no século X. Bokolo afirma que é dificil precisar o quanto foi afetado o império axumita com tudo isso onde diversas fontes divergem sobre a situação.
            Foi no sul do planalto etíope que floresceram as unidades políticas árabe-muçulmanas, cuja base portuária seria em Zeila. Enquanto em Axum a penetração islâmica tem base na existência de uma força militar capaz de conquistas e pela presença de um cristianismo enraizado, pois os países do sul ignoravam a estrutural estatal e ainda seguiam o paganismo. Todos acabam convertendo-se ao Islã, mesmo que superficialmente, criando para si, falsas genealogias através de matrimonios com integrantes muçulmanos criando assim os sultanatos-muçulmanos.
            O primeiro a formar-se foi o de Dalmut, mas logo foi conquistado pelos cristãos, fazendo com que os seus soberanos emigrassem para o leste, instalando-se em Ifat. O mais duradouro foi o sultanato do Choa, cuja dinastia orgulhava-se de origem gloriosa: segundo tradições eram decendentes de uma família de Meca, os Banu Malhzum, a mesma  da qual havia saído o conquistador da Síria, Khalid Al-Walid.
            Em Ifat o Islã estava inversamente melhor instalado, que apesar da dinastia utilizar o nome abissínio, apresentavam-se como árabes. “Um dos principais trunfos desses sultanato foi a sua posição privilegiada, no cruzamento das estradas comerciais levando aos portos de Zeila e de Berbera até Harar e, a partir daí, para as ricas terras do vale do Nilo”. (P.115).
            Bokolo define que, a frequência e a aspereza das guerras opondo os sultanatos muçulmanos, sobretudo Ifat e Adal, aos cristão, constituem o mais seguro do reerguimento da Etiópia cristã após o desmoronamento de Axum. Este reestabelecimento é atribuído a duas dinastias, a de Zagwe e dos “Salomônicos”.
            A nova dinastia, Zagwe surge em meio a uma acusação de usurpação, pois segundo tradições, teria começado por um general originário de Bugna, que após ter casado com a filha do último imperador axumita, teria matado seu sogro. Instauraram-se no poder no século XII e imediatamente tiveram sua legitimidade contestada pela Igreja copta.
            Como em inúmeras vezes e épocas, o problema de sucessão acaba atingindo Axum, pois desde o começo a Igreja questionava a legitimidade da dinastia, por não pertencerem a linhagem de Salomão. Este episódio que é ilustrado pelo Kebra Negast ( A glória dos reis) que narra a origem do império axumita, dando o direito ao poder somente descendentes de Israel. Este que teve início com o lendário fruto do amor de Salomão e da Raínha de Sabá.
            Estas dificuldades na sucessão do trono estenderam-se durante anos, ocasionando diversas guerras civís e tendo um fim com a criação da prisão do monte Gishen, destinada a apaziguar as querelas de sucessão sendo assim, quando um rei morria, seu filho assumia o trono e os seus demais parentes ficavam presos, a fim de evitar as discussões sobre a sucessão.
As frequentes querelas de sucessão que assolam os reinos africanos acabam dificultando o desenvolvimento da sociedade etíope, levando a um atraso em relação aos demais países sententrionais. Com isso os nadjash são vistos vitoriósos ao regularem e administrarem estas querelas num bom tom.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A História

Desde sempre tive interesse pela História, a partir da 5ª série, quando temos efetivamente a disciplina de História, foi nascendo uma paixão. Dali em diante decidi que eu queria estudar era a História, mas especificamente o que? Jogos, filmes e alguns textos me fizeram fixar o pensamento em Arqueologia.
Além disso buscando algo para melhorar o mundo pensei:
"Bom, se quero fazer algo pelo mundo e vou fazer história, então vou ser professor!" A exemplo de um dos melhores professores que tive (Química), Claudius.
Isso se tornou além de um objetivo de vida, um sonho! Poder ensinar outras pessoas, poder ser uma referência para outras pessoas, assim como via meus professores, na disciplina que mais gostava!

Ok, ideia fixa, objetivo traçado e agora vamos batalhar para isso!

Não!

Infelizmente não foi isso que aconteceu. O que eu tinha era a UFRGS, faculdade pública, não tinha condições para uma faculdade particular, então meu pai não me deu outra escolha a não ser  UFRGS.

Estudar pra UFRGS? Pra que?! Tiro de letra!

Não, eu não estudei e NÃO passei na UFRGS. E dai o que fazer agora?
Sempre tive facilidade em mexer no computador, arrumava ele quando estragava e me veio o "plano B". Vou fazer um técnico em informatica!
Meu pai não quis pagar e dai consegui no "peito e na raça" bancar meus estudos com um estágio na área de manutenção, mas não trabalhava naquilo que estudava, pois o técnico era programação de computadores e não manutenção. Então por obra do destino (?) quando sai do trabalho que estava para conseguir um na área (programação), não consegui e com isso iria desistir do curso, pois não tinha como pagar mais.
Numa segunda-feira iria cancelar o curso mas meu padrasto não quis me levar lá na escola. Para mim, como iria pagar multa, nada mudaria um dia a mais ou um dia a menos. Foi então que na terça-feira pela manhã o RH de uma empresa (onde dois professores trabalhavam) me ligou oferecendo uma oportunidade de estágio na área de programação.
Pronto! É isso, vou seguir na área e quando estiver com os bolsos cheios de dinheiro, faço história por hobby!
Os anos passaram, a vontade foi diminuindo então cheguei para meu chefe e disse:
"Quero fazer faculdade de História, posso?"
Recebi um sim!

Então comecei...

Logo me enturmei com o pessoal, fui convidado a participar da gestão do D.A. na Unisinos e tudo parecia perfeito, só que o trabalho não mais me trazia satisfação, apenas um sentimento ruim, de que estava fazendo algo que não gostava. Então, saí da empresa e fiquei até o final do ano, só estudando.

Agora tava bom!

Só que o dinheiro foi acabando, as contas aumentando e já não dormia mais pensando nelas esta fase foi bem difícil lidar. Acabei voltando a trabalhar com informática. Pois é, infelizmente me vi refem desta "maldição" que era a informática!

Até que as aulas começaram e um amigo me disse:
"Cara, to dando aula em Nova Santa Rita! Geografia (por que não tem professor) e história"

Logo disse pra ele:
"Me consegue uma vaga lá que eu largo tudo! Não aguento mais computador!"

Mais uma vez, por obra do destino (?), na mesma noite uma amiga dele ofereceu uma vaga na área da pesquisa e ele queria trocar a sala de aula pela pesquisa, unindo o útil ao agradável saiu da escola e me indicou para substituir ele!

Larguei meu emprego para, na escola, como estagiário, ganhar 1/3 do que ganhava trabalhando com informática, mas tudo tem um preço, quase sempre precisamos sacrificar algo para conquistarmos algo melhor.

Desde a semana pós carnaval estou dando aulas de História e Geografia.
SIM! Realizei meu sonho e tenho 21 anos!
Me pergunto, quantas pessoas conseguem realizar o seu sonho com 21 anos?!

Bom essa é a minha História. Claro, profissional. No próximo texto falo com está sendo a experiência.

Abrindo os trabalhos!

Olá a todos!

Primeiramente gostaria de fazer uma apresentação pessoal:

Sou Pietro Pedroso Perini, residente de Canoas-RS, estudante de História na UNISINOS e atualmente estou lecionando em uma escola do município de Nova Santa Rita (antigo distrito de canoas).

Sempre tive o prazer pela escrita, muitas ideias e pouca ação, algumas tentativas frustradas pela falta de tempo, mas agora vou tentar seguir com alguns posts na semana.
Irei expor aqui minhas ideias, pensamentos e opinião, além de algumas produções textuais que eu venha a fazer para a faculdade e ache legal compartilhar.

Aceito todos tipos de críticas, uma de minhas qualidades é sempre ver algo de bom mesmo que seja totalmente diferente do que eu pense e também abro o espaço para discussão dos textos, tenho minhas opiniões mas gosto de ouvir a dos outros para fortalecer a minha ou, se pertinente, mudá-la.