quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Renascença Carolíngia

Uma breve dissertação sobre a reforma realizada por Carlos Magno



por: Pietro P. Perini
O termo renascença usado no fim da idade média, em que denota o término da conhecida Idade das Trevas é atribuído antes mesmo desta terminar. Muitos historiadores a consideram como controversa, mas a efeito de mudanças podemos considerar sim, o período dos reis carolíngios como uma renascença.
Coube ao sucessor da dinastia merovíngia, Pepino, o Breve, em 751 dar inicio a reforma do Império Romano. Filho do expressivo Carlos Martel, Pepino torna-se mais importante por vir a ser progenitor do grande responsável pela dita reforma carolíngia, Carlos Magno.
Coloca o Império novamente em boa posição ao derrotar os Saxões na Germânia e também conquistando os Lombardos, além dos frísios e os avaros. Outras conquistas são atribuídas a expansão do Império sob comando de Carlos Magno. No entanto o principal feito de Magno foi a reforma na educação do Império. Criou também cargos administrativos que auxiliaram durante anos a organização política do império.
Analfabeto até próximo a sua morte, sempre prezou pelo saber e pelas artes. Seu assessor, Alcuíno, implementou o sistema de educação a partir das sete artes liberais: o trivium, ou ensino literário (gramática, retórica e dialética) e o quadrivium, ou ensino científico (aritmética, geometria, astronomia e música). A partir de 787 foram tomadas imposições para que ficasse ao cargo dos mosteiros, sedes dos bispados e às cortes a restauração de escolas antigas e fundação de novas. Outro fato que impulsionou a evolução do Império foi o cunho das moedas de prata que circulavam por toda extensão deste.
Através de Carlos Magno teremos um momento em que o império ocidental adere ao conceito de cesaropapismo, quando expõem sua fervorosidade religiosa. Conforme parte de carta a Papa Leão III: "Quero não só defender com as armas a Igreja de seus inimigos externos, mas também fortificá-la em seu interior através do maior conhecimento da doutrina católica". Agia então de forma direta nas questões estatais assim como nas questões de cunho religioso.

terça-feira, 21 de junho de 2011

O Islã por olhos ocidentais não eurocentristas


O Islã por olhos ocidentais não eurocentristas

por: PIETRO P. PERINI

            Hoje em dia, graças à globalização, atentamos as diversas notícias do mundo árabe e, infelizmente, em sua maioria, estas são relacionadas a atos terroristas, erroneamente associados à religião islâmica. Este erro, cometido quase que em sua totalidade no Ocidente, é devido a visão eurocêntrica criada em torno do advento das Cruzadas, organizadas pelo papa Urbano II no século XI, em que tinha o objetivo de auxiliar os cristãos ortodoxos de Constantinopla contra o avanço dos turcos seljúcidas na Anatólia. Para comover o papa, Aleixo I Comneno, então basileu do Império Bizantino, relatou que os turcos agiam de forma cruel com os seus conquistados, matavam crianças e mulheres sem nenhuma piedade.  Desde então os muçulmanos, adeptos do islamismo, são vistos com grande preconceito e atenuada aversão.
            A fim de mudarmos essa visão, devemos analisar o nascimento e desenvolvimento do Islã ao longo dos seus treze séculos na história. Nosso ponto de partida é a origem do povo árabe, os beduínos.
            Este povo que variava entre nômades e sedentários habitava a Arábia Central e Setentrional. Sua língua o árabe terá importante papel na história do Islã. A região era predominantemente agrícola, abrigando a criação principalmente de carneiros. A religião principal era politeísta, a qual o culto de pedras (betilolatria), a adoração da lua e do sol era sua base, tendo influência, devido ao fluxo comercial, de cultos monoteístas como judaísmo e masdeísmo (Zoroastrismo). A influência dos persas e bizantinos, que disputavam o sul da península arábica, o Iêmen, também chamado de “Arábia Feliz”, foi um fator decisivo no desenvolvimento da sua cultura. Com estes aprenderam o emprego do uso de cotas de malha, além de novas táticas, saberes militares, dentre os quais o uso da disciplina. A sua organização social era formada por clãs, estes correspondiam por várias famílias e um determinado grupo de clãs formavam as tribos. Cada um destes clãs era liderado por um xeque, que era mestre, patriarca, guia com numerosas outras atribuições e algumas características pessoais – a riqueza e a generosidade, por exemplo – eram consideradas atributos importantes para o exercício desta liderança, como explica Salinas (2009, p.26).
            Numa dessas tribos, a Coraixita, por volta de 570 nasceu, em Meca, uma criança. Esta viria a se chamar Maomé (Muhammad ou Mohammed), órfão de pai no nascimento e aos seis anos de idade de sua mãe. Viveu em ambiente de intenso comercio e religião, Meca era um grande centro comercial e abrigava a kabba – núcleo de peregrinação e santuário de múltiplos deuses – seu papel comercial atraía, também, cristãos e judeus assim criando uma miscelânea religiosa. De sua juventude pouco se sabe, no entanto, quando tinha vinte e cinco anos, casou-se com Khadija, uma mulher mais velha do que ele e detentora de expressivos dotes, além de exercer importante atividade comercial.
            No entanto Maomé assumirá papel histórico a partir da mítica visitação do anjo Gabriel a sua pessoa incumbindo-o de ser apóstolo de Alá e de propagar a palavra de Deus. Segundo tradução brasileira de Samir El Hayek do Corão, lemos: “E não te enviamos, senão como universal (mensageiro), alvissareiro e admoestador para os humanos, porém a maioria dos humanos o ignora”. O Profeta então inicia sua pregação cautelosamente, sem grande exposição, insistindo na bondade e no poder de Deus. Nunca foi considerado como Deus, nem mesmo dotado de alguma divindade, o seu papel era transmitir a ordem e a justiça do Criador, isto sempre foi claro e seguido pelos muçulmanos mais ortodoxos.
            A prédica de Maomé, segundo Salinas (2009, p.31), era conclamatória para arregimentar todos os árabes, igualmente unidos na fé e na lei islâmica. A Umma (“comunidade muçulmana”) congregava todos os crentes, sem distinção, flagrante diferença em relação ao feudalismo europeu. Os deveres e obrigações da lei islâmica, o zakat (“imposto social”) – por exemplo – denota solidariedade social inexistente no feudalismo ocidental, muito menos no capitalismo.
            A pregação e o aumento do número de adeptos do culto monoteísta proposto por Maomé, em Meca, fez com que as autoridades começassem uma repreensão ao Profeta. O que movimentava as praças da cidade era o culto das divindades politeístas na kabba e o crescimento da difusão monoteísta acabaria diminuindo esta visitação. A favor de Maomé estava sua esposa, Khadija, que por sua influência comercial de certa maneira blindava seu marido de ameaças mais ríspidas. O aumento da perseguição ao culto islâmico levou Maomé a Medina, onde adquiriu força para posteriormente conquistar Meca, este fato ficou conhecido como Hégira, o qual marca a data inicial do calendário muçulmano.
            Conhecida a origem do pai do islamismo, podemos adentrar na sua essência. O islamismo era para todos independente se o crente era árabe ou não, todos poderiam seguir a ordem de Deus, transmitida pelo Profeta. Seu propósito fundamental é a constituição da Comunidade Muçulmana (Umma) e exigências de solidariedade mútuas, assim todos estes eram vistos da mesma maneira, a vida de um muçulmano não era mais valiosa do que a de um cristão e, além disso, outros fatores colaboram para esse espírito de coletividade humana. Alguns historiadores sugeriram um socialismo ético em volta dos preceitos islâmicos, considerado errados nos dias atuais, pois o Profeta faz exigências éticas e não as transmite de forma doutrinal.
            Assim rapidamente o Maomé transformou-se estadista e líder religioso. A hegemonia islâmica predominou na comunidade árabe e iniciou sua disseminação pelo mundo, inclusive pelas regiões mais cultas do Oriente, como descreve Salinas (2009, p.41). Alguns hábitos diferem com os assumidos, na mesma época, no Ocidente como, por exemplo, a constante higiene necessária para cumprir os costumes religiosos. O rosto, os antebraços, os pés, dedos dos pés, nariz, orelha deveriam ser limpos antes da oração. Maomé, já moribundo, continuava a manter os dentes limpos com um raminho, – chamado de Isiwak ou mswak – pois, como gostava de explicar: “Purificai as vossas bocas, pois são a via pelas quais proferem as vossas orações”.
            Após a morte do Profeta, o Islã expandiu-se religiosamente e territorialmente através dos califas, escolhidos para darem continuidade à difusão dos preceitos islâmicos. As principais dinastias são: a dos Omíadas, Abássidas e dos Mamelucos. Por parte dos Omíadas atribuímos à expansão territorial.
Entretanto, a Arábia, diz Djait (1989), desconheceu o conceito moderno de Estado e organizou sua existência sob o princípio da tribo. A despeito – e além – da separação entre nômades e sedentários, estavam unidos pelo sangue, a língua, a religião (politeísta). Segundo Amin Maalouf (2001), para os muçulmanos a diferença entre pertencer a uma religião ou a uma nação é praticamente nula. Dessa maneira quando o muçulmano alude a al-Umma, refere-se a “nação” e a “comunidade muçulmana” dos crentes religiosos.
O islamismo não era imposto aos seus conquistados, uma vez que não era de interesse financeiro, pois os povos conquistados e que não eram islâmicos deveriam pagar impostos. A expansão da religião dá-se pelo acolhimento dos pobres e das minorias, do sentimento de unidade do povo muçulmano. Da mesma forma que as outras religiões não eram proibidas – à exceção do paganismo – mas acabavam por não ter certos privilégios proporcionados pelo Islã. Aconteceu de forma rápida, do norte da África, atingiram a península Ibérica onde se formou um importante califado. No leste da Arábia chegaram à conquista da Índia.
O principal fator de miscigenação foi dado através da língua árabe, esta aprendida – obrigatoriamente – através da leitura e estudo do Corão. Diante dos problemas enfrentados pelas diversas moedas que circulavam no califado, foi criado através da moeda mais um fator de igualdade entre os muçulmanos – dinar, feito de ouro e dirham, fração do dinar, feito de prata – para evitar desvalorização nas mercadorias comerciadas.
Apesar disso, houve algumas cisões dentro do ambiente islâmico, todas em torno da sucessão do Profeta, ocasionando em uma guerra civil, algo totalmente proibido no Corão. A Umma acabou fracionada em três “partidos”, que perduram até os dias de hoje: o partido sunita, que abrange a maioria dos muçulmanos que querem manter a suna e todos os quatro califas legais (califas ortodoxos); o partido xiita, de Ali, primo e genro de Maomé, que constitui a minoria dos muçulmanos (presente no Irã, no Iraque e Líbano), para os quais, Ali é o único sucessor legítimo do Profeta; e o partido Karidjita que só reconhecem como califa o “melhor dos muçulmanos” em cada momento, seja quem for independente de origem tribal ou familiar. Hoje só é presente em Omã e Zanzibar.
Voltando a atenção ao âmbito comunitário da religião islâmica, vale ter conhecimento detalhado da já citada “esmola legal”, o zakat.
De acordo com Salinas (2009, p.92), o zakat é um imposto de amplo aspecto social e comunitário, unindo a natureza de tributo à de contribuição destinada a amparar os integrantes da comunidade de forma variada. Podem demandar o zakat, como dispõem o Corão, os seguintes, em ordem assim determinada: os pobres, os empregados na coleta dos tributos, os que devam ser reconciliados o islamismo, os escravos, os devedores, os que sejam encontrados no caminho de Alá (nesse caso era exigido o cumprimento das obrigações militares) e os andarilhos.
A escravidão no Islã é abordada diferentemente do Ocidente. O escravo não era considerado com “uma coisa”, pois tinha direitos, como, dentre eles o de casar-se; o direito materno de não se separar dos filhos e o direito dos esposos à coabitação. Os maus tratos pelo escravista podiam acarretar a libertação do escravo. Os Mamelucos – escravo que prestava serviço militar – eram sultões de origem servil, e reinaram no Egito de 1250 a 1517 e na Síria de 1260 a 1516, numa época de expressivas realizações econômicas e culturais, conforme relata Salinas (2009, p.103).
A maneira como tratavam a guerra tinha determinadas condutas a serem seguidas, como proibições, entre as dez, destacam-se: mutilar infiéis, cortando-lhe os narizes e orelhas (pratica corriqueira no império bizantino); matar mulheres, ainda que tenham auxiliado os varões, crianças e dementes; matar de modo desleal ou à traição o inimigo ao qual o imã – juiz – já havia prometido segurança e envenenar fontes e águas potáveis. Nota-se, através disso, que a imagem criada por Aleixo I Comneno, citado no início do texto, sobre os povos islâmicos destoa da realidade vivida na época.
Apropriando-se disso – e de inúmeras outras demonstrações de compaixão e respeito pelo ser humano, tomadas pela ordem de Deus propagada pelo Profeta – que a visão adotada pelos povos do Ocidente é equivocada sobre os preceitos islâmicos. E vale ressaltar que estes seguem, de certo modo, a mesma ótica quanto aos povos Ocidentais, causada a má impressão pela devastação social em nome da Cruzada. Foram acusados de barbáries e maus tratos aos Ocidentais sendo vítimas dos mesmos.

Bibliografia utilizada:
SALINAS, Samuel Sérgio, Islã: esse desconhecido: séculos VII-XIII / Samuel Sérgio Salina. –São Paulo : Anita Garibaldi, 2009. p.22 – 111.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Rainha de Sabá, Salomão e a Arca da Aliança

                                                                                  Por: Pietro P. Perini

Do lendário encontro da Rainha de Sabá com o rei Salomão, nasce uma lenda.

Hoje em dia contemplamos as inúmeras e crescentes descobertas arqueológicas, no entanto existe algo que gera mistério tanto quanto a sua existência quanto a sua localização. A Arca da Aliança pode ser considerada o artefato de maior valor para a humanidade, pois agrega em si um valor religioso e o misticismo sobre os seus poderes. Sua origem pode ser encontrada na Bíblia Sagrada, Êxodo 25:10-22, quando Deus ordena Moisés a construir uma arca para abrigar as tábuas de pedra sobre o qual ele havia escrito os Dez Mandamentos. Sua localização é uma incógnita até hoje, algumas pessoas crêem que a Arca tenha sido destruída junto ao Templo, quando Jerusalém foi invadida pelos babilônios, outros ainda acreditam que tenha sido levada pelos mesmos, como troféu de conquista. Mediante esta incerteza quanto seu paredeiro, podemos então, junto a essas alternativas  acrescentar a possibilidade de estar em Axum, atual Etiópia.
O Kebra Negast
            O que fomenta a lenda sobre o destino da Arca está escrito no livro referência da história da Etiópia, o Kebra Negast – A Glória dos Reis, que atesta, entre outras histórias, o encontro da Rainha de Sabá com o rei Salomão, em Jerusalém. Segundo o Kebra Negast², Salomão quando construía a casa de Deus, enviou mensagens a todos comerciantes de leste a oeste e de norte a sul que daria ouro e prata em troca do que era necessário para a construção. Foi quando ouviu falar do rico comerciante Etíope, Tamrin que servia a Rainha de Sabá, e lhe solicitou que trouxesse tudo que não fosse perecível, este então foi ao encontro de Salomão. Observou então que o rei era muito sábio, de sua boca, saiam palavras de liderança e não ordens, ficou maravilhado com seu anfitrião.
            Este trecho destaca como Salomão era para seu povo, “o pai dos órfãos”,” suas palavras soavam como água para o homem sedento, pão para o mais faminto, e cura para o mais doente”. Além de citar seus bens materiais finaliza, “E que Deus lhe deu glória e riquezas, e sabedoria, e a graça em tal abundância que não havia nenhum semelhante a ele entre os seus antecessores, e entre os que vieram depois dele não houve nenhum semelhante a ele.”.
            Ao retornar a seu reino Tamrin relatou tudo que viu sobre o homem sábio que encontrou no norte. Despertou então um interesse incomum, um fascínio, em Makeda (a Rainha de Sabá), que já tinha uma paixão pela sabedoria. Logo o assunto em seu palácio era a importância do conhecimento, para ela isto valia mais que ouro e prata, o saber estava acima de tudo.
            Crente de que era vontade de Deus o seu encontro com Salomão, Makeda reunião sua corte e lhes comunicou que estava partindo para Jerusalém. Formou sua comitiva e partiu, de acordo com o Kebra Negast², com 797 camelos carregados de ouro, prata, pedras preciosas, mobílias e tudo mais que poderia levar para presentear o sábio homem. De acordo com Josephus¹, o desejo de Makeda ao encontro de Salomão era ardente o suficiente para ela embarcar em uma viagem 1.400 milhas, atravessando as areias do deserto da Arábia, ao longo da costa do Mar Vermelho, até em Moabe (Yêmen), e sobre o rio Jordão até Jerusalém. Tal jornada seriam necessários pelo menos seis meses de tempo em cada sentido, uma vez que os camelos raramente poderiam viajar tanto quanto 20 milhas por dia.”.
            Salomão que havia sido notificado sobre a chegada da Rainha de Sabá, decidiu tomar conhecimento sobre sua visitante. Ouviu de um sacerdote que seria uma mulher de beleza infindável, porém seus pés eram cobertos de pêlos. Com isso, preparou na frente de seu trono um passagem de água, que a obrigaria a levantar as vestes e mostrar seus pés. Algumas fontes dizem que quando ela chegou em frente ao seus trono e levantou suas vestes, mostraram-se os mais belos pés que ele havia visto, outras dizem que o rumores eram verdadeiros e que Salomão alertara-a de que os pêlos eram características masculinas conforme o Kebra Negast², “Tua beleza é a beleza de uma mulher, mas o cabelo é masculino; cabelo é um ornamento para um homem, que desfigura uma mulher .” , e fez então uma espécie de creme para removê-los.
            Independente disso, quando chegou a Jerusalém, Makeda havia trazido quantias enormes de ouro, pedras preciosas, entre outros presentes. Salomão foi grato lhe fornecendo diáriamente quantidades abusivas de alimentos, cantores e vestimentas, tecidas a ouro. Mas a rainha não estava ali para receber presentes, nem ser impressionada com riquezas, ela buscava a comprovação, relatada por Tamrin, da sabedoria do rei de Israel. Alguns autores ainda consideram que ela tinha interesses políticos e econômicos com essa visita, em busca de acordos que regessem as vias terrestres e marítimas, mas o Kebra Negast² descreve que veio apenas para aprender com ele.
De acordo com Josephus¹, " diante da sua recepção de rei, tanto ele mostrou um grande desejo de agradá-la, e de fácil compreensão em sua mente o significado das perguntas curiosas que ela propôs a ele, que as resolveu. " Makeda não fez só perguntas filosóficas a Salomão, ela também testou ele com enigmas. O Sheni Targum, Midrash Mischle e Midrash Hachefez (apócrifos judáicos) descrevem 22 de seus enigmas.
Um deles diz o seguinte: “ O que é isso? Um compartimento com dez portas, quando uma está aberta, nove são fechadas e quando nove estão abertas uma é fechada, "Sabá perguntou a Salomão. Salomão respondeu: " O gabinete é o ventre, e as portas são dez são os dez orifícios do homem, ou seja, seus olhos, seus ouvidos, narinas, boca, as aberturas para descarga de dejectos e urina, e do umbigo. Quando a criança ainda está no ventre de sua mãe, o umbigo é aberto, mas todas as outras aberturas estão fechadas, mas quando os problemas da criança desde o ventre do umbigo é fechada e os outros orifícios estão abertos .". Em um ponto, Makeda perguntou: " Que quando vivo não se move, mas quando a cabeça cortada, move? " a resposta de Salomão: "a madeira usada para construir um navio. “.
O Antigo Testamento também relata algumas perguntas feitas por Makeda, como por exemplo, “"Qual é a coisa mais feia do mundo, e o que é o mais bonito o quê? é o mais certo e o que é o mais incerto? " Salomão respondeu: " A coisa mais feia ... é o fiel transformando infiel, a maioria é lindo o arrependido. pecador O mais certo é a morte, o mais incerto, com a sua parte no Mundo Vindouro. ".
Além de charadas, ela testava sua inocência, certa vez, vestiu cinco meninos e cinco meninas de forma igual e lhe solicitou que identificasse o sexo de cada um. Salomão então, entregou bacias com água para que lavassem as mãos, então apontou que as meninas eram aquelas que arregaçavam as mangas, ao contrário dos meninos, que não o faziam.
Segundo as tradições, a Rainha de Sabá foi hóspede de Salomão por 6 meses, tendo conversas diárias, questionando-lhe e também sendo questionada, pois seu anfitrião sabia que tratava-se de uma mulher sábia. O Kebra Negast² nos informa que " a Rainha ia a Salomão e voltava continuamente, e dava ouvidos à sua sabedoria, e mantê-lo em seu coração. Salomão costumava ir visitá-la e responder a todas as questões que ela colocou-lhe ... e ele informou-lhe sobre todos os assuntos que queria saber sobre.".
A satisfação vinha de ambas as partes, mas nota-se algo além do intelecto, começam a ver um no outro afeições. De acordo com a Glória dos Reis Makeda proferiu as seguintes palavras: "Oh, como ter me agradado muito a tua resposta, e a doçura de tua voz, e a beleza do teu curso, e a graciosidade das tuas palavras. Tua voz faz o coração alegrar-se ... e dá boa vontade para os lábios, e força para a marcha.”.
Em resposta de Salomão temos: " Sabedoria e compreensão partem de ti. Quanto a mim, eu apenas possuí-las na medida em que os de Israel que Deus lhes deu para mim, porque eu perguntava e rogou-los d’Ele. E tu, tu não és ainda conhecer o Deus de Israel, esta sabedoria que fizeste a crescer no teu coração. ".
Observando este apreço de um pelo outro, põem se em questão se houveram relações sexuais entre Salomão e Makeda, uma vez que para reinar, ela precisava ser, e manter-se, virgem. A Bíblia não fala diretamente sobre o ocorrido, mas é claro que durante esses seis meses houve um sentimento além da admiração.
Salomão propõem a ela que seja sua rainha, mas ela reluta quanto a sua virgindade, e lhe solicita que não a tome por força. Então ele avisa ela de que não o fará, a menos que ela tome algo dele a força. Ela então se espanta com sua declaração, pois como um homem tão sábio, pensaria que ela levasse algo de seu palácio.
Foi quando ele organizou uma festa e disse a seus servos que preparassem um quarto, com duas camas e uma jarra d’água entre elas. Astutamente mandou que temperassem a comida com pimenta e bastante sal. Em meio a noite, Makeda acorda com sua garganta seca, olha para Salomão dormindo e decide tomar um copo de água. Antes de tomar, ele acorda e segura a sua mão dizendo-lhe: “ Estas prestes a descumprir o que combinamos, tomando algo que é meu, sem consentimento.”. Ela então toma a água, com isso presume se que ele a teve naquela noite.
Após esses seis meses, Makeda decidiu voltar para seu reino, isto fez com que Salomão ficasse desolado, historiadores atribuem isto ao fato do declínio do império. Ela então teve um filho, chamado de Menelik (Ibn al-Hakim, "filho do homem sábio"), algumas fontes persas, judias e árabes indicam que seria Nabucodonosor, outros dizem que foi chamado de Davi II (nome dado por Salomão), este menino um dia será o primeiro rei da dinastia salmônica na Etiópia.
Quando criança, Menelik questiona sua mãe sobre seu pai, ela desconversa alegando que era mãe e pai e que não deveria procurar nada sobre isso. Assim que foi crescendo descobriu que era filho de Salomão e com 21 anos de idade (maioridade judaica) partiu para Israel, a fim de ver o rosto de seu pai. Antes de partir Makeda solicita que o mesmo retorne, nem mesmo case com nenhuma mulher lá e que não abandone seu reino.
Chegando a Jerusalém, conhece Salomão, que no seu filho visualiza a imagem de seu pai, Davi. O rei então tenta persuadir o jovem a ficar e tornar se seu sucessor, mas Menelik rejeita, reiterando a promessa feita a sua mãe, com as seguintes palavras: e disse-lhe: "Ó meu senhor, é impossível para mim sair do meu país, minha mãe me fez jurar por seus seios que eu não ficaria aqui, mas iria retornar à sua rapidez, e também que eu não iria casar com uma mulher aqui. E o Tabernáculo do Deus de Israel deve me abençoar onde quer que eu esteja, a tua oração e me acompanha aonde quer que eu vá. Eu desejava ver o teu rosto, e ouvir a tua voz, e receber a tua bênção, e agora eu desejo de partir para a minha mãe em segurança. "
A Arca da Aliança
Em uma carta Makeda solicita que Salomão confira-lhe uma réplica da Arca para que seu povo possa adorar o seu Deus, lá Menelik refaz o pedido que é atendido. Prepara-se então para sua viagem de regresso o objeto e muitos sacerdotes, para que fossem ensinar a religião ao povo etíope. Algumas tradições relatam que um sacerdote teria trocado a réplica da Arca pela original, fazendo com que Menelik levasse-a até Axum.
Existe um contra-ponto em relação a todo este relato, a Bíblia apenas descreve o encontro de forma intelectual, sem amores, ou mesmo afeições. Mas não pode deixar de lado os fatos descritos no Kebra Negast², uma vez que tem sido importante no decorrer dos séculos na Etiópia. A geração desta criança, Menelik, dá início a dinastia salomônica, um fato marcante na cultura etíope até o fim da década de 70, este que provocou diversas crises de sucessão na corte etíope durante muitos anos.
            Diante destes enfrentamentos reais, causados pelas querelas de legitimidade do trono etíope, podemos ter presente no imaginário que possa ser verdade a lenda, que está em Axum o maior tesouro da humanidade. Outro ponto que podemos observar é quando fontes relatam que Menelik teria sido Nabucodonosor, considerando algumas fontes apontam que ele teria levado a Arca como troféu.
            O significado desta descoberta nos dias de hoje, poderia abrir os olhos do mundo materialista, que crê apenas no que vê. Ora, qual prova mais viva da existência de Deus, que a Arca contendo os Dez Mandamentos escritos pelo mesmo? E teriamos também a confirmação da Bíblia e de outras livros – Kebra Negast – como fontes históricas abrindo um leque de revelações para a humanidade.


Bibliografia:
¹ Josephus, Flavius, JEWISH ANTIQUITIES, Book VIII, chapter 6
 MARKS, Tracy. http://www.windweaver.com/sheba/Sheba10.htm , 1990.
 Budge, Sir Ernest A. Wallis, translator, THE QUEEN OF SHEBA AND HER ONLY SON MENYELEK, the Kebra Nagast, Oxford University Press, London, 1932.
SOPOVA, Jasmina . Etiópia: três milênios de lendas e de história. http://www.casadasafricas.org.br/noticias/01/626.  , 2008.
REAGAN , David R., http://www.lamblion.com/articles/articles_issues4.php

domingo, 29 de maio de 2011

A Africa do nordeste

                                                                                              Por: Pietro Perini

M’BOKOLO, Elikia. África Negra - História e Civilizações. (Capítulo 2). Lisboa: Colibri, 2003.

A Africa do nordeste

            Inicialmente o autor faz um contra-ponto com a perturbação no equilibrio demográfico da região do vale do Nilo, na Núbia, provocada pela presença dos arabes e islamicos, com a maneira que os povos etíopes utilizaram esse desafio causado pela presença dos mesmos como fermento para o desenvolvimento nacional.
            Os problemas de sucessão de Meroé começam com a constante investida do império de Axum e a constante presença de nobatas, vindos do oeste, e de blemmyes vindos do leste. Segundo Bokolo, os povos nômades conseguiram tão bem tornarem-se senhores de uma parte do vale do Nilo que o imperador Diocleciano (284-305) resolveu instalar nobatas ao sul da 1ª catarata do Nilo e pagar-lhes impostos para assegurarem a segurança das fronteiras meridionais e do comércio do Egito, dos blemmyes.
            Ao norte, no reino da Nobatia que se extende da 1ª a 3ª catarata do Nilo, é pouco conhecido até hoje, tendo somente conhecimento, por parte da arqueologia, dos costumes foram adquiridos das culturas do Egito, Bizâcio e do próprio Meroé. Esse acordo de proteção que tinham com os romanos deu margem a permissão por parte de um general romano Maximinus de uma vez por ano transportar a estatua de Ísis do templo de Filae, para lhe fazer pronunciar o oráculo no seu próprio país. Mas no século VI Justiniano acaba destruíndo o templo de Ísis e proíbindo o culto, dando inicio a cristianização.
            Ao sul da Nobatia, entre a 3ª e 4ª cataratas, estendia-se o reino de Maqurra. Foi convertido ao cristianismo em meados do século VI, mantinha relações comerciais com Kordofã e o Darfur. A partir da 5ª catarata até o sul, encontra-se o terceiro reino, Alodia ou Alwa que foi cristianizado no final do século VI, em 570. É ainda menos conhecida, apesar de geógrafos árabes que o descrevem gabam sua magnificiência.
            Sob o reino de Merkurios ocorreu a unificação destes reinos setentrionais da Núbia, Nobatia e Maqurra, no final do século VII ou início do século VIII, sob autoridade da dinastia reinante em Maqurra. O novo Estado organizou a administração fortemente, inclusivem utilizando títulos gregos e até mesmo núbios, tendo a religião de Estado, o cristianismo fornecendo a ideologia de poder. Apesar da vigência do cristianismo que era formado por sete bispados, todos submetidos ao patriarca de Alexandria, é observado uma indigenização da religião cristã. O rei auto-proclama-se chefe da Igreja, podendo então celebrar missas e administrar sacramentos. A sucessão do trono dava-se pela linhagem materna, tornando comum o casamento entre primos, vendo a sucessão passada de pai para filho. Junto a isso as mulheres também possuiam papéis na cúpula do Estado.
            No que diz respeito às cidades, Bokolo descreve três categorias de cidade: as “grandes cidades” em que tinham milhares de habitantes, centro administrativos, religiosos e comerciais; as cidades médias em que possui apenas centenas de habitantes e possuiam funções mais específicas; e as pequenas cidades, estas que foram objetos de escavações esclarecendo aspectos da civilização material núbia.

            O fato da proximidade com o Egito fez com que a Núbia sofresse com a ocupação árabe, não só na questão política e administrativa, mas também afetado sua sociedade. O primeiro contato foi um “pacto” de não agressão aos núbios mediante pagamento de tributos. Só a partir do fim do século IX, que a Núbia aproveitou-se do enfraquecimento causado pela crise de sucessão do Egito e decidiu parar de pagar os tributos. Após a resolução da crise, o Egito exigiu o pagamento dos tributos e inclusive os atrasados, os nubios decidiram levar isso ao califa. Por fim, a apartir da reuificação nubia foi nomeado um “eparca”, cujas funções era hereditárias e tinha a seu cargo as questões administrativas do norte, finanças do reino e totalidade nas relações com Egito.
            Na parte sul, os árabes já haviam comprado inumeros lotes de terra e a partir do ano 975 Ibn Sulaym al-Uswani constatou que os árabes detinham o poder econômico no Al-Maris e que numerosos núbios haviam convertido-se a doutrina de Maomé, facilitando então o fator de islamização desta região.
            Na parte leste, as terras desérticas povoadas pelos bedjas, o que atraia os árabes eram as grandes quatidades de ouro. Com isso, a região vive uma verdadeira corrida do ouro, tendo suas mina disputadas por núbios, árabes e egipcios. Após a criação de Jerusalém (1100), houve um corte na estrada de peregrinação ao Sinai, dando uma importância de primeirissimo plano à estrada que passava pelo alto Egito e pelo porto de Aydhab. Segundo Bokolo, “ Os proprietários bedja arabizavam-se de duas maneiras. Alguns, que trabalhavam nas minas ou as caravanas, adotaram progressivamente a língua e as maneiras árabes. Outros, principalmente os grupos mais setentrionais, tais como os hadariba e os ababda, aderiram ao Islã mesmo conservando suas antigas crenças e práticas religiosas, e inventaram-se genealogias árabes fictícias que acabaram por lhes forjar uma identidade árabe”.
            Do Meroé vamos a Axum que já foi citada no início, quando em sua expansão territorial e militar provocou a decadência do reino na Núbia. Mas após esse período de prosperidade do Império Axumita no século VI tende a ter um fim, com o avanço dos árabes e a retirada do Império Bizantino, o qual eram aliados, sofrem um golpe rude. Além disso houve um avanço persa, recuperando seus antigos postos comerciais e retirando do povo axumita a importância de escalas do comércio do Oriente.
            Foram recebidos os primeiros seguidores de Maomé, enquanto era perseguidos em Meca, refugiaram-se em Axum, pois já existia o conceito de monoteísmo agregado através do cristianismo, e temos algumas passagens segundo tradições mais ou menos lendárias relativas a Bilial, um escravo de origem etíope que teria sido o segundo homem a converter-se ao Islã, o próprio profeta, Maomé, teria escrito ao nadjashi pedindo que converte-se ao Islã. Ainda a tradição diz que Maomé teria dito aos seus refugiados :” Se fosses forem para a Abissínia, aí encontrareis um rei sob o poder do qual ninguém é perseguido. É um país de justiça onde Deus vos dará o alívio das vossas misérias”. Contudo as relações acabariam se enfraquecendo não só pelas questões religiosas, mas pela importância econômica e geopolitica da região, referidas ao controle do Mar Vermelho.
            Apesar da resistência e de algumas ofensivas, o Império Axumita acabou tendo de submeter-se aos árabes e daí o território que estava muito próximo a península arábica acabou virando referência para o califado, tendo vira inclusive rota de peregrinação, cada vez maior a importância, virou principado no século X. Bokolo afirma que é dificil precisar o quanto foi afetado o império axumita com tudo isso onde diversas fontes divergem sobre a situação.
            Foi no sul do planalto etíope que floresceram as unidades políticas árabe-muçulmanas, cuja base portuária seria em Zeila. Enquanto em Axum a penetração islâmica tem base na existência de uma força militar capaz de conquistas e pela presença de um cristianismo enraizado, pois os países do sul ignoravam a estrutural estatal e ainda seguiam o paganismo. Todos acabam convertendo-se ao Islã, mesmo que superficialmente, criando para si, falsas genealogias através de matrimonios com integrantes muçulmanos criando assim os sultanatos-muçulmanos.
            O primeiro a formar-se foi o de Dalmut, mas logo foi conquistado pelos cristãos, fazendo com que os seus soberanos emigrassem para o leste, instalando-se em Ifat. O mais duradouro foi o sultanato do Choa, cuja dinastia orgulhava-se de origem gloriosa: segundo tradições eram decendentes de uma família de Meca, os Banu Malhzum, a mesma  da qual havia saído o conquistador da Síria, Khalid Al-Walid.
            Em Ifat o Islã estava inversamente melhor instalado, que apesar da dinastia utilizar o nome abissínio, apresentavam-se como árabes. “Um dos principais trunfos desses sultanato foi a sua posição privilegiada, no cruzamento das estradas comerciais levando aos portos de Zeila e de Berbera até Harar e, a partir daí, para as ricas terras do vale do Nilo”. (P.115).
            Bokolo define que, a frequência e a aspereza das guerras opondo os sultanatos muçulmanos, sobretudo Ifat e Adal, aos cristão, constituem o mais seguro do reerguimento da Etiópia cristã após o desmoronamento de Axum. Este reestabelecimento é atribuído a duas dinastias, a de Zagwe e dos “Salomônicos”.
            A nova dinastia, Zagwe surge em meio a uma acusação de usurpação, pois segundo tradições, teria começado por um general originário de Bugna, que após ter casado com a filha do último imperador axumita, teria matado seu sogro. Instauraram-se no poder no século XII e imediatamente tiveram sua legitimidade contestada pela Igreja copta.
            Como em inúmeras vezes e épocas, o problema de sucessão acaba atingindo Axum, pois desde o começo a Igreja questionava a legitimidade da dinastia, por não pertencerem a linhagem de Salomão. Este episódio que é ilustrado pelo Kebra Negast ( A glória dos reis) que narra a origem do império axumita, dando o direito ao poder somente descendentes de Israel. Este que teve início com o lendário fruto do amor de Salomão e da Raínha de Sabá.
            Estas dificuldades na sucessão do trono estenderam-se durante anos, ocasionando diversas guerras civís e tendo um fim com a criação da prisão do monte Gishen, destinada a apaziguar as querelas de sucessão sendo assim, quando um rei morria, seu filho assumia o trono e os seus demais parentes ficavam presos, a fim de evitar as discussões sobre a sucessão.
As frequentes querelas de sucessão que assolam os reinos africanos acabam dificultando o desenvolvimento da sociedade etíope, levando a um atraso em relação aos demais países sententrionais. Com isso os nadjash são vistos vitoriósos ao regularem e administrarem estas querelas num bom tom.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A História

Desde sempre tive interesse pela História, a partir da 5ª série, quando temos efetivamente a disciplina de História, foi nascendo uma paixão. Dali em diante decidi que eu queria estudar era a História, mas especificamente o que? Jogos, filmes e alguns textos me fizeram fixar o pensamento em Arqueologia.
Além disso buscando algo para melhorar o mundo pensei:
"Bom, se quero fazer algo pelo mundo e vou fazer história, então vou ser professor!" A exemplo de um dos melhores professores que tive (Química), Claudius.
Isso se tornou além de um objetivo de vida, um sonho! Poder ensinar outras pessoas, poder ser uma referência para outras pessoas, assim como via meus professores, na disciplina que mais gostava!

Ok, ideia fixa, objetivo traçado e agora vamos batalhar para isso!

Não!

Infelizmente não foi isso que aconteceu. O que eu tinha era a UFRGS, faculdade pública, não tinha condições para uma faculdade particular, então meu pai não me deu outra escolha a não ser  UFRGS.

Estudar pra UFRGS? Pra que?! Tiro de letra!

Não, eu não estudei e NÃO passei na UFRGS. E dai o que fazer agora?
Sempre tive facilidade em mexer no computador, arrumava ele quando estragava e me veio o "plano B". Vou fazer um técnico em informatica!
Meu pai não quis pagar e dai consegui no "peito e na raça" bancar meus estudos com um estágio na área de manutenção, mas não trabalhava naquilo que estudava, pois o técnico era programação de computadores e não manutenção. Então por obra do destino (?) quando sai do trabalho que estava para conseguir um na área (programação), não consegui e com isso iria desistir do curso, pois não tinha como pagar mais.
Numa segunda-feira iria cancelar o curso mas meu padrasto não quis me levar lá na escola. Para mim, como iria pagar multa, nada mudaria um dia a mais ou um dia a menos. Foi então que na terça-feira pela manhã o RH de uma empresa (onde dois professores trabalhavam) me ligou oferecendo uma oportunidade de estágio na área de programação.
Pronto! É isso, vou seguir na área e quando estiver com os bolsos cheios de dinheiro, faço história por hobby!
Os anos passaram, a vontade foi diminuindo então cheguei para meu chefe e disse:
"Quero fazer faculdade de História, posso?"
Recebi um sim!

Então comecei...

Logo me enturmei com o pessoal, fui convidado a participar da gestão do D.A. na Unisinos e tudo parecia perfeito, só que o trabalho não mais me trazia satisfação, apenas um sentimento ruim, de que estava fazendo algo que não gostava. Então, saí da empresa e fiquei até o final do ano, só estudando.

Agora tava bom!

Só que o dinheiro foi acabando, as contas aumentando e já não dormia mais pensando nelas esta fase foi bem difícil lidar. Acabei voltando a trabalhar com informática. Pois é, infelizmente me vi refem desta "maldição" que era a informática!

Até que as aulas começaram e um amigo me disse:
"Cara, to dando aula em Nova Santa Rita! Geografia (por que não tem professor) e história"

Logo disse pra ele:
"Me consegue uma vaga lá que eu largo tudo! Não aguento mais computador!"

Mais uma vez, por obra do destino (?), na mesma noite uma amiga dele ofereceu uma vaga na área da pesquisa e ele queria trocar a sala de aula pela pesquisa, unindo o útil ao agradável saiu da escola e me indicou para substituir ele!

Larguei meu emprego para, na escola, como estagiário, ganhar 1/3 do que ganhava trabalhando com informática, mas tudo tem um preço, quase sempre precisamos sacrificar algo para conquistarmos algo melhor.

Desde a semana pós carnaval estou dando aulas de História e Geografia.
SIM! Realizei meu sonho e tenho 21 anos!
Me pergunto, quantas pessoas conseguem realizar o seu sonho com 21 anos?!

Bom essa é a minha História. Claro, profissional. No próximo texto falo com está sendo a experiência.

Abrindo os trabalhos!

Olá a todos!

Primeiramente gostaria de fazer uma apresentação pessoal:

Sou Pietro Pedroso Perini, residente de Canoas-RS, estudante de História na UNISINOS e atualmente estou lecionando em uma escola do município de Nova Santa Rita (antigo distrito de canoas).

Sempre tive o prazer pela escrita, muitas ideias e pouca ação, algumas tentativas frustradas pela falta de tempo, mas agora vou tentar seguir com alguns posts na semana.
Irei expor aqui minhas ideias, pensamentos e opinião, além de algumas produções textuais que eu venha a fazer para a faculdade e ache legal compartilhar.

Aceito todos tipos de críticas, uma de minhas qualidades é sempre ver algo de bom mesmo que seja totalmente diferente do que eu pense e também abro o espaço para discussão dos textos, tenho minhas opiniões mas gosto de ouvir a dos outros para fortalecer a minha ou, se pertinente, mudá-la.